Na última semana, algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo apresentaram os primeiros resultados significativos de seus enormes investimentos na expansão da Inteligência Artificial (IA).
De acordo com o site The Wall Street Journal, elas revelaram que os aportes financeiros tendem a aumentar, refletindo o foco contínuo na construção de infraestrutura voltada para suportar essa tecnologia em pleno crescimento.
As receitas dos serviços de nuvem da Amazon e da Microsoft indicam esse movimento, registrando crescimento de 6,19% e 0,99%, respectivamente. Já a Google obteve uma receita de US$62,9 bilhões no último trimestre, um aumento de 22,2% em comparação ao ano anterior, consolidando um ritmo crescente pelo quarto trimestre consecutivo.
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Esse desempenho é visto como um reflexo direto do aumento da demanda por IA, que começa a justificar o esforço financeiro das empresas para aprimorar data centers e serviços. “A demanda segue superando nossa capacidade disponível”, declarou Amy Hood, diretora financeira da Microsoft, durante uma conferência com analistas.
O setor tecnológico, no entanto, enfrenta certo ceticismo de investidores que temem um excesso de gastos em nuvem na expectativa de um boom similar ao da internet nos anos 2000.
A Nasdaq, dominada por empresas de tecnologia, caiu 2,8% na quinta-feira (31), reflexo da volatilidade do setor. Somente no último trimestre, Amazon, Microsoft e Alphabet (controladora da Google) desembolsaram US$50,6 bilhões em propriedades e equipamentos, bem acima dos US$30,5 bilhões gastos no ano anterior, sendo a maior parte alocada para data centers que alimentam operações de IA.
Esses investimentos não se limitam às três gigantes. A Meta Platforms, controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, também elevou seus gastos em infraestrutura de IA, totalizando US$8,3 bilhões no último trimestre. “Os investimentos em IA exigem infraestrutura robusta, e esperamos continuar investindo significativamente”, afirmou o CEO da Meta, Mark Zuckerberg.
Embora haja incertezas sobre a sustentabilidade desse crescimento, alguns sinais otimistas emergiram, especialmente com o avanço das receitas das grandes empresas de nuvem, que alugam capacidade de processamento para corporações que implementam IA.
Esse setor, que enfrentava uma desaceleração desde o início de 2022, foi impulsionado pela crescente demanda dos desenvolvedores de IA, cujas operações exigem muito mais capacidade de processamento em comparação a softwares convencionais.
Dan Morgan, gerente de portfólio da Synovus Trust, destacou a importância dos negócios em nuvem para a expansão da IA. “É o setor onde temos evidências mais concretas do impacto da IA, além da venda de chips".
A Google, que tradicionalmente ocupa o terceiro lugar entre os provedores de nuvem, teve um aumento de 35% nas receitas de seus serviços no terceiro trimestre, superando as expectativas de Wall Street, o que fez as ações da Alphabet subirem 3% após o anúncio.
Na Amazon, as ações valorizaram cerca de 6% após o fechamento de quinta-feira, impulsionadas pelo aumento de sua receita em nuvem. O CEO, Andy Jassy, destacou que o segmento de IA em nuvem da Amazon já gera bilhões de dólares em receita anual, com taxas de crescimento de três dígitos, superando o desempenho geral da Amazon Web Services.
Por outro lado, a Microsoft experimentou uma queda de 6% nas ações após anunciar uma redução nas previsões de crescimento para o setor de nuvem devido a dificuldades em expandir a infraestrutura na velocidade necessária. Mesmo assim, o analista Brad Reback, da Stifel, considera que a perspectiva de longo prazo para a Microsoft no campo da IA continua promissora. “É uma decepção temporária, mas não vejo impacto negativo na nossa visão de que a Microsoft é uma líder em IA generativa".
A Microsoft projeta que suas vendas de produtos de IA e serviços em nuvem ultrapassarão US$10 bilhões anualmente pela primeira vez neste trimestre. Juntamente com a Amazon e a Google, a empresa está desenvolvendo produtos próprios de IA para consumidores e empresas, como o Copilot (Microsoft) e o Gemini (Google).
Para apoiar startups de IA, como OpenAI e Anthropic, essas gigantes alugam infraestrutura em nuvem, permitindo que esses novos negócios operem sistemas de IA avançados e em larga escala. A Microsoft, por exemplo, é o maior investidor da OpenAI, enquanto Google e Amazon possuem parcerias significativas com a Anthropic. Esse modelo de negócio permite que as empresas de tecnologia recuperem parte dos investimentos feitos, ao mesmo tempo em que comercializam produtos de IA aos clientes.