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Fenômeno magnético em Júpiter produz tempestades do tamanho da Terra

Estudo descobre possível causa de fenômeno intrigante observado pela primeira vez em Júpiter há mais de 30 anos

Por Meu Quadradinho em 28/11/2024 às 14:05:47

Em um artigo publicado terça-feira (26) na revista Nature Astronomy, cientistas planetários relatam que tornados magnéticos em Júpiter estão gerando anticiclones aproximadamente do tamanho da Terra.

Quando vórtices magnéticos descem da ionosfera até as camadas mais profundas da densa atmosfera do gigante gasoso, ocorrem essas tempestades, que são visíveis como ovais escuras, mas apenas na luz ultravioleta (UV).

Esses eventos foram detectados pela primeira vez no final da década de 1990 pelo Telescópio Espacial Hubble, da NASA, nos polos norte e sul de Júpiter. Em 2000, a sonda Cassini, também liderada pela agência espacial norte-americana, confirmou a presença dessas estruturas no polo norte do planeta durante sua passagem rumo a Saturno. No entanto, a origem desses fenômenos permaneceu desconhecida por anos.

Imagens UV mostram as gigantescas tempestades magnéticas nos polos de Júpiter. Crédito: Troy Tsubota e Michael Wong, UC Berkeley

Tornados magnéticos são mais comuns no polo sul de Júpiter

Agora, uma equipe liderada pelo astrofísico Troy Tsubota, da Universidade da Califórnia-Berkeley, nos EUA, descobriu que esses ovais se formam a partir de tornados gerados pelo atrito entre as linhas do campo magnético extremamente forte de Júpiter. Esse processo cria vórtices que atingem a estratosfera, agitando partículas e formando as densas manchas escuras.

Imagem artificialmente colorida de Júpiter capturada em luz ultravioleta. Além da conhecida Grande Mancha Vermelha (que aparece azul), outra característica oval pode ser vista na névoa marrom no polo sul. Essa área de neblina concentrada é possivelmente o resultado da mistura gerada por um vórtice mais alto na ionosfera do planeta. Crédito: Troy Tsubota e Michael Wong, UC Berkeley

A descoberta foi possível graças ao projeto "Legado das Atmosferas dos Planetas Externos" (OPAL, na sigla em inglês), que utiliza imagens anuais do Hubble para monitorar as atmosferas dos planetas gigantes. "Percebemos que essas imagens eram uma mina de ouro", disse Tsubota em um comunicado, revelando que foram observados ovais escuros em 75% dos registros do polo sul de Júpiter feitos entre 2015 e 2022, mas apenas em uma foto do polo norte.

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Assim como na Terra, o campo magnético de Júpiter converge nos polos, onde direciona partículas carregadas para a atmosfera, produzindo auroras visíveis em UV. Essa semelhança sugeriu que os ovais escuros também estariam ligados ao campo magnético.

O Toro de Plasma de Io, um anel de partículas carregadas expelidas pelos vulcões da lua Io, desempenha um papel crucial. Segundo Tom Stallard, da Universidade Northumbria, o atrito entre as linhas de campo magnético do toro e da ionosfera de Júpiter desencadeia os vórtices que formam os ovais.

Esses vórtices transportam aerossóis para a atmosfera inferior, criando uma névoa densa e absorvente de UV. "A concentração de névoa nessas áreas é 50 vezes maior que a média", explicou Xi Zhang, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, coautor do estudo, reforçando que o fenômeno é impulsionado pela dinâmica dos tornados, e não por reações químicas.

Segundo o artigo, os ovais escuros levam cerca de um mês para se formar e desaparecem em poucas semanas, indicando que Júpiter atravessa regularmente um corredor de tornados magnéticos.

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