Em 2024, o Brasil registrou um aumento de 340% nos vazamentos de dados em relação ao ano anterior. Foram reportados 4 mil incidentes, comprometendo cerca de 5 milhões de contas. Dados como nomes, e-mails, senhas, endereços, números de cartões e documentos foram expostos, e mais de 2 bilhões de informações confidenciais apareceram na dark web, segundo levantamento da NordVPN. Isso coloca o Brasil no topo de um ranking preocupante.
Andrea Melo, CEO da A Melo IT e especialista em segurança da informação, explica que os sinais de que dados pessoais foram comprometidos podem incluir comportamentos anômalos em contas bancárias ou CPFs, como compras suspeitas ou transações não reconhecidas.
"Os bancos estão mais preparados para identificar atividades suspeitas, mas é essencial que os usuários fiquem atentos a movimentações irregulares em suas contas e consultem ferramentas que verificam se seus dados foram expostos na dark web", ressalta.
A especialista também destaca que, embora os vazamentos de dados sejam incidentes de segurança graves, medidas como troca imediata de senhas, uso de autenticação multifatorial e monitoramento contínuo podem ajudar a mitigar os danos. "A autenticação em dois fatores é crucial porque notifica o usuário sobre qualquer tentativa de acesso não autorizado, permitindo ações rápidas para evitar prejuízos maiores", afirma.
A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) é a entidade responsável por fiscalizar a aplicação da LGPD e por receber denúncias de vazamentos. A LGPD tem impulsionado empresas a adotar padrões de segurança como a ISO 27001, mas a especialista ressalta que a proteção eficaz exige uma combinação de tecnologia, processos e educação. "Treinar os usuários para identificar tentativas de phishing e evitar cliques em links suspeitos é uma prática básica, mas indispensável", diz Andrea Melo.
A proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital é outro tema urgente. Melo ressalta que, além de ferramentas de bloqueio de conteúdo, é essencial educar os jovens sobre os perigos da internet. "Eles são extremamente vulneráveis, e os responsáveis precisam monitorar suas atividades online, explicar os riscos e incentivá-los a relatar qualquer situação suspeita", afirma.
Práticas recomendadas
Especialistas listam diversas práticas para minimizar os riscos de vazamento de dados no ambiente digital:
- Senhas seguras e únicas: Utilize gerenciadores de senhas para criar combinações fortes e evitar o uso de senhas repetidas;
- Autenticação multifatorial: Implante autenticação em dois fatores em todas as contas possíveis;
- Atualizações regulares: Mantenha sistemas e antivírus sempre atualizados para prevenir vulnerabilidades;
- Cuidado com phishing: Verifique remetentes de e-mails, URLs e mensagens suspeitas antes de clicar em links ou baixar arquivos;
- Monitoramento contínuo: Acompanhe movimentações financeiras e acesse ferramentas que verificam se seus dados estão sendo comercializados na dark web.
Com mais de 2 bilhões de dados brasileiros expostos em 2024, a proteção da privacidade não é apenas uma responsabilidade corporativa, mas um dever de todos. "A educação digital e a adoção de boas práticas por empresas e cidadãos são os pilares para reverter esse quadro preocupante", conclui Andrea Melo.