Europa se preocupa com capacidade dos EUA de "desarmar" o continente; entenda

Após a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de parar de enviar armamentos para a Ucrânia, uma insegurança se instaurou por toda a Europa: e se os estadunidenses tiverem uma forma de “controlar” o armamento usado no Velho Continente? A Alemanha é a mais receosa, pois o país fechou acordo multibilionário com a Lockheed Martin, gigante estadunidense aeroespacial.

Foto de Meu Quadradinho Por Meu Quadradinho
13/03/2025 às 23:51:59 - Atualizado há

Após a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de parar de enviar armamentos para a Ucrânia, uma insegurança se instaurou por toda a Europa: e se os estadunidenses tiverem uma forma de “controlar” o armamento usado no Velho Continente?

A Alemanha é a mais receosa, pois o país fechou acordo multibilionário com a Lockheed Martin, gigante estadunidense aeroespacial. O contrato foi firmado em 2022 e prevê a entrega, para os alemães, de 35 aeronaves F-35A Lighning II. No ano passado, a Bundeswehr (forças armadas da Alemanha) comprou outros oito F-35.

Esse “poder de desarmar” dos EUA vem sendo chamado de “interruptor de segurança“. Na verdade, os europeus acreditam que os estadunidenses instalaram um interruptor físico nos caças. O termo foi usado por Joachim Schranzhofer, chefe de comunicações da empresa de armas alemã Hendsolt, em entrevista ao Bild.

Contudo, ele tratou de tranquilizar as autoridades alemãs ao afirmar que esse botão não passa de boato e insinuou ser fácil para os EUA aterrarem a nave bloqueando seu software principal — que está sob controle estadunidense.

Será que o caça tem um “botão de segurança”? (Imagem: Victor Maschek/Shutterstock)

Wolfgang Ischinger, ex-presidente da Conferência de Segurança de Munique (Alemanha), e Ingo Gädechens, ex-oficial militar e membro do partido União Democrata Cristã (CDU, na sigla em inglês) da Alemanha, expressam o mesmo sentimento.

Já um porta-voz do Ministério de Defesa alemão afirmou à Euronews que não existe movimento para cancelar a compra dos caças F-35 mesmo com as preocupações que ressoam na Europa.

Esse modelo de caça, segundo sua fabricante, está se tornando “o padrão de escolha da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”. Além da Alemanha, a Romênia também assinou, há alguns meses, um acordo com a Lochkeed Martin para ter os F-35 em sua frota.

Entre os países europeus que já os possuem, estão Bélgica, República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, Grécia, Itália, Holanda, Noruega, Polônia e Suíça.

Por sua vez, a fabricante diz esperar que, até o fim da década, mais de 550 desses caças estejam em operação em dez países europeus, e disse que eles “aumentaram a interoperabilidade na Europa“.

Contudo, admitiu que os F-35 e outras aeronaves de caça ocidentais dependem de comunicação de dados protegida pelos EUA com Link-16 e navegação por satélite GPS.

Ainda segundo a empresa, independência completa no setor “não é possível… nem mesmo com os sistemas europeus“, apesar de dizer que os F-35 conseguem operar sem links de dados e a navegação via satélite.

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À Euronews, Mark Cazalet, editor-chefe da European Security and Defence Magazine, afirmou não ter ouvido ou visto nenhuma evidência concreta de haver tal interruptor (conhecido, em inglês, como “kill switch”), mas que “não está fora do reino das possibilidades” que medidas de bloqueio de softwares de aeronaves possam ser criadas.

Ele também pontuou que os EUA “não precisam, necessariamente”, de interruptor de segurança no F-35 para bloqueio do caça, podendo, “simplesmente, reter munição e peças de reposição“.

Para ele, tirar o controle do software das mãos dos estadunidenses seria “extremamente difícil, se não impossível“. “A questão mais relevante para os planejadores militares é: os EUA podem, efetivamente, impedir que F-35s operados por outros países sejam usados, caso decidam fazê-lo? Aqui, a resposta parece ser majoritariamente sim“, prosseguiu.

Segundo o profissional, há países que bloqueiam, por vezes, partes de munições e armas. Um exemplo é a Suíça, que atrasou o uso de canhões antiaéreos Gepard pela Ucrânia ao se recusar a exportar o caça Eurofighter Typhoon para a Turquia.

Afinal, EUA podem controlar os F-35 ou não?

  • O portal tentou contato com o Departamento de Defesa Nacional (DND, na sigla em inglês) dos Estados Unidos e com a Lockheed Martin querendo saber se o país controla mesmo o software e os F-35, mas não obtiveram retorno;
  • Contudo, um porta-voz do DND afirmou à mídia canadense que eles são encarregados de atualizar software e hardware dos aviões, dizendo, ainda, que as atualizações seguirão par todos os países que participaram do desenvolvimento;
  • Na Suíça, a mídia local também pipocou preocupações sobre a independência dos F-35. Em resposta, a Lockheed Martin publicou, em seu site, na última segunda-feira (10), com o título: “A Suíça pode usar seus F-35 de forma independente“.

Nele, a fabricante esclarece que bloquear esse modelo de caça via intervenções externas na parte eletrônica é impossível. “A Suíça não precisa de consentimento se quiser usar seus sistemas de armas ou mísseis guiados para sua defesa. Ela pode fazer isso de forma autônoma, independente e a qualquer momento“, explicou.

F-35A Lighning II de perfil e no ar
Software da aeronave é controlado pelos EUA (Imagem: ranchorunner/Shutterstock)

Países, como a própria Suíça, também têm autonomia para decidir quando querem atualizar o software das aeronaves e, mesmo se optarem por não realizar a atualização, os mísseis continuam operacionais.

Caso uma nação queira atualizá-lo, segundo a Lockheed Martin, eles enviam uma “equipe móvel” para que a operação seja realizada.

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